sábado , 12 de abril 2025

Atingidas por barragens ocupam Masp com exposição de telas bordadas

Peças têxteis realizadas com retalhos de tecido de bordado sobre juta trazem expressão das vivências e lutas das atingidas por barragens

Hoje sexta-feira (11) foi inaugurada no Masp, Museu de Arte de São Paulo, a exposição “Mulheres Atingidas por Barragens: Bordando Direitos” produzidas por mulheres do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), entre os anos de 2013 e 2024. São 34 arpilleras, como são chamadas as peças têxteis realizadas com retalhos de tecido de bordado sobre juta, que trazem a expressão das vivências e lutas diante dos impactos sociais e ambientais causados pela construção, operação e pelo rompimento de barragens. A exposição vai até 3 de agosto deste ano. Saiba mais em TVT News.

Símbolo de memória e resistência

A integrante do MAB do Pará e autora de algumas das obras, Lucielle de Sousa Viana lembrou a história das arpilleras. Essas mulheres, mães, esposas e familiares de presos políticos e desaparecidos, faziam as obras para retratar cenas do cotidiano, da repressão e da luta por direitos. “O MAB conheceu as arpilleras em 2013. A história das arpilleras fala muito da ditadura que tinha no Chile com o Pinochet, as mulheres denunciavam o que acontecia”.

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Obra retrata Amazônia como pulmão do mundo. / Foto: Girrana Rodrigues

As obras das atingidas por barragens abordam temas como a violência doméstica, a ruptura de vínculos entre a terra e a comunidade, a violência contra crianças e adolescentes, a falta de acesso à água potável e à energia elétrica, e os impactos das barragens e da poluição de rios na pesca e na subsistência das famílias, entre outras violações aos direitos humanos e ambientais. “Para nós, atingidos por barragens trazer as temáticas da Amazônia é importante porque as pessoas precisam conhecer o trabalho que as pessoas têm feito na região. Os temas da Amazônia são muito complexos, tem peças de várias regiões, elas vão retratar desde a relação das mulheres com as empresas, na construção de grandes obras, até as problemáticas causadas pela seca na Amazônia”, explicou Lucielle.

Já Daiane Carlos Höhn, também artista de algumas das obras, e integrante do Coletivo Nacional de Mulheres do MAB, explica que as obras são coletivas e cada arpillera é feita por muitas mãos. “As obras retratam um pouco das violações que as barragens causam na vida das mulheres, barragens de acumulação de água, barragens que geram energia elétrica, barragens de mineração e seus rompimentos como a gente teve em Minas Gerais, no último período e, também peças que trazem os impactos da crise climática, contou. 

Ainda a Suellem Fagundes, do MAB, participou de algumas obras e a preferida da exposição é a “Coletivo Nacional de Mulheres do MAB”. “É ela que representa as mulheres do MAB, e como as lutas delas, os problemas que são enfrentados como dificuldade de ter acesso à saúde, acesso à água”. Para ela, ocupar o Masp é um momento de reconhecimento.

A obra “Mulheres Atingidas de Brumadinho, Minas Gerais”, que retrata o rompimento do Córrego do Feijão, será doada pelo movimento para o MASP.

Catálogo

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Catálogo conta com a reprodução de 47 arpilleras produzidas pelo
coletivo. / Foto: Girrana Rodrigues

Além da exposição, as mulheres fizeram um catálogo bilíngue, em inglês e português, composto por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra e luta do MAB. A publicação tem organização de Isabella Rjeille, curadora, MASP, e Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, MASP, e textos de Roberta Bacic, Monise Vieira Busquets e Carolina Caycedo, além de uma entrevista com Daiane Höhn, Esther Vital e Louise Löbler. O catálogo conta com a reprodução de 47 arpilleras produzidas pelo coletivo, além de textos que contextualizam cada peça e está em venda na livraria do Masp.

Serviço

MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Local: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo, SP 01310-200 
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas. 
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)

Crédito do Matéria

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