terça-feira , 22 de abril 2025

quais são os próximos passos após a morte de Papa Francisco?

Confira o que a Igreja Católica faz depois do falecimento de um pontífice, desde as cerimônias fúnebres até a escolha de seu sucessor

Papa Francisco morreu nesta segunda-feira (21), após um longo tratamento contra a pneumonia. Agora, a Igreja Católica se prepara o sepultamento do Santo Padre, e a definição o sucessor do argentino, que comandou o cristianismo por onze anos. A escolha será definida no Conclave, ritual realizado sempre que um pontífice morre ou renuncia ao cargo. Entenda mais em TVT News.

Funeral

Antes da escolha de um novo pontífice, a Igreja Católica seguirá uma série de ritos tradicionais, com destaque para as cerimônias fúnebres em homenagem ao Papa Francisco. Segundo o Vaticano, as solenidades têm início já nesta segunda-feira (21), com uma programação que segue o horário de Brasília.

Às 14h, será celebrada uma missa de sufrágio em memória de Francisco na Basílica de São João de Latrão, em Roma. A cerimônia será presidida pelo cardeal Baldo Reina. Em seguida, às 15h, ocorrem os ritos de constatação oficial da morte e a deposição do corpo no caixão, na capela privada da Casa Santa Marta, onde o papa residia. Essa cerimônia será conduzida pelo camerlengo Kevin Farrell, responsável por cuidar dos assuntos da Igreja durante o período de Sede Vacante.

Na quarta-feira (23), o corpo será trasladado para a Basílica de São Pedro, onde ficará exposto para visitação pública. Fiéis de todo o mundo poderão prestar suas homenagens ao papa argentino.

Francisco deixou instruções específicas para o próprio funeral, seguindo seu estilo mais simples e próximo dos fiéis. Uma das mudanças determinadas por ele diz respeito ao caixão: tradicionalmente, os papas eram sepultados em três urnas — de cipreste, chumbo e carvalho —, mas agora, será utilizado apenas um caixão de madeira com revestimento interno de zinco.

Pelas regras da Igreja, o sepultamento deve ocorrer entre quatro e seis dias após a morte. Francisco também quebrou a tradição ao escolher como local de descanso final a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e não a Basílica de São Pedro, onde costumam ser enterrados os pontífices. A decisão remete à sua devoção à Virgem Maria e aos frequentes momentos de oração que teve no local durante o pontificado. A última vez que um papa foi enterrado fora da Basílica de São Pedro foi em 1903, com Leão XIII.

Durante os nove dias seguintes ao funeral, serão celebradas missas diárias em homenagem ao papa, conforme a tradição dos novendiales, um período litúrgico de luto e oração pela alma do pontífice falecido.

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Papa Francisco com Bento XVI em novembro de 2020. Bento XVI renunciou ao cargo em 2013 e faleceu em 2022. Foto: Vatican News.

Como um novo papa é escolhido?

A escolha do sucessor de um papa ocorre sempre que há a renúncia ou a morte do líder da Igreja Católica. O processo de eleição foi formalizado em 1274, durante o pontificado de Gregório X, no século XIII. Antes disso, o papa era escolhido de maneira menos estruturada, já que a figura do pontífice era essencialmente a do bispo de Roma.

Desde então, a eleição passou a ocorrer em uma assembleia reservada, conhecida como conclave, realizada na Capela Sistina, no Vaticano. O termo “conclave” vem do latim cum clavis, que significa “fechado à chave”, em referência ao isolamento total dos cardeais eleitores durante o processo — sem acesso ao mundo exterior, sem comunicação e com vigilância reforçada, para garantir a confidencialidade da votação.

Os cardeais eleitores devem se reunir no Vaticano entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa. Durante esse período, permanecem hospedados na Casa Santa Marta, onde ficam completamente isolados até o fim do processo eleitoral.

Atualmente, cerca de 120 cardeais participam da eleição do novo pontífice. Embora a Igreja conte com 252 cardeais espalhados pelo mundo, apenas os que têm menos de 80 anos de idade no dia da abertura do conclave têm direito a voto, conforme estabelecido pelas regras do Vaticano.

Os cardeais eleitores podem realizar uma primeira votação ainda no primeiro dia do conclave, na Capela Sistina. A partir do segundo dia, o ritmo se intensifica: são realizadas até quatro votações diárias — duas pela manhã e duas à tarde — até que um único nome concentre a maioria necessária dos votos.

Cada cardeal escreve à mão o nome de seu candidato preferido em uma cédula, sob a inscrição latina “Eligio in Summum Pontificem”, que significa “Eu elejo como Sumo Pontífice”. Para preservar o anonimato e a confidencialidade do processo, os cardeais são instruídos a não usar sua caligrafia habitual.

Caso não haja definição até o fim do segundo dia, o terceiro é reservado exclusivamente à oração e contemplação, sem votações. Depois disso, o processo é retomado. Para que um nome seja escolhido, é necessário alcançar o apoio de dois terços dos cardeais votantes.

O conclave pode durar dias ou até semanas, a depender da velocidade com que o consenso é alcançado.

Duas vezes por dia, durante a eleição, as cédulas utilizadas nas votações são queimadas, e a fumaça resultante se torna um dos símbolos mais tradicionais do processo. A chaminé da Capela Sistina se transforma em foco de atenção mundial, já que dela saem os sinais que indicam o andamento da eleição.

A fumaça preta, produzida com a adição de substâncias químicas às cédulas, indica que a votação foi inconclusiva e ainda não há um novo papa. Já a fumaça branca — aguardada com expectativa por fiéis ao redor do mundo — anuncia que o sucessor foi escolhido.

Quando um novo líder é eleito, ele é questionado: “Você aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?” Em seguida, ele escolhe o nome pelo qual será conhecido durante seu papado e veste as vestes oficiais.

Os cardeais prestam homenagem ao novo pontífice, jurando-lhe obediência e respeito. Em seguida, o momento mais aguardado acontece: o anúncio é feito na sacada da Basílica de São Pedro, para uma multidão ansiosa na praça. O cardeal proclamador anuncia: “Habemus Papam”, que em latim significa “Temos um papa”.

O nome do novo papa é revelado, e ele aparece à janela para saudar os fiéis. Em um breve discurso, o pontífice recém-eleito pronuncia palavras de acolhimento e dá a tradicional bênção urbi et orbi, que significa “à cidade e ao mundo”, abençoando Roma e os fiéis ao redor do mundo.

Eleito em 13 de março de 2013, Jorge Bergoglio foi primeiro pontífice a escolher o nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, o santo da pobreza e da humildade. A escolha do nome foi inspirada por uma frase que ouviu do amigo cardeal Dom Cláudio Hummes durante o Conclave: “Não se esqueça dos pobres”. Francisco também foi o primeiro papa argentino, o primeiro latino-americano e o primeiro jesuíta a assumir o trono de Pedro, simbolizando uma mudança histórica para uma Igreja cada vez mais global.

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Papa Francisco, na Praça São Pedro, em 2018. Imagem: Mario Roberto Durán Ortiz/Wikimedia Commons

O Santo Padre morreu nesta segunda-feira (21), em decorrência de uma doença pulmonar crônica desde fevereiro. Sua morte ocorreu após o Domingo de Páscoa, quando fez sua última aparição pública para abençoar as pessoas na Praça São Pedro.

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